Sentada ao meu lado ela enxuga os olhos com a
ponta da saia. Assiste "O escafandro e a borboleta" na tela no smartphone,
às oito da manhã. A morena no banco da frente come o restinho de uma granola
light, separando os pedaços de maçãs desidratadas por cima do saco plástico. O
coxinha de cabelo-gel cola cuidadosamente uma meleca do tamanho de uma lentilha
na fenda do parafuso do assento desocupado. E eu destilo minha certeza de que o
mano que embarcou na Santo Amaro com um galão de combustível na sacola vai incendiar
o ônibus na altura da Berrini. Ele tem aquele corte de cabelo de assaltante:
raspado do lado e redondinho, arrepiado pra cima.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
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